Malabaristas

Se você tiver a oportunidade de assistir a um jogo de basquete em cadeira de rodas, não hesite em fazê-lo. Se a partida for entre duas potências do esporte como Estados Unidos e Canadá, faça qualquer coisa para estar dentro do ginásio. Agora, se o embate for válido por uma semifinal de paraolimpíada e for decidido numa prorrogação, daí então você será um iluminado caso tenha presenciado os momentos inesquecíveis desse encontro. E se tivermos uma segunda prorrogação? Bom, para de sonhar você deve estar falando. Mas não estou sonhando não. Está lá, estampado no placar. EUA 57 x Canadá 57, início do segundo tempo extra. Malabaristas desfilam na quadra, com a bola nas mãos, numa profusão de lances mágicos. Mas tem um artista, ôps, atleta que se destaca dos demais. É Patrick Anderson, canadense considerado o maior jogador da modalidade em todos os tempos. Com ele, o Canadá conseguiu marcas fantásticas. Simplesmente cinco anos sem conhecer uma única derrota que fosse. Você está lendo certo. Sem derrotas. Nenhum time coletivo conseguiu tal dominância em qualquer modalidade, por tanto tempo e dessa maneira, no mundo. No período, um campeonato mundial e o bicampeonato paraolímpico, em Sidney e Atenas. Anderson veio ao Parapan do Rio, que serviu como uma espécie de preparatório para Pequim, com um Canadá renovado, sem os antigos parceiros. Perderam a final para o mesmo Estados Unidos, o que significou o fim da série invicta. Mas tive o privilégio de ver o que esse sujeito faz com uma bola de basquete. E digo, sem exageros. É coisa de outro mundo. Surpreendente. Maravilhoso. Emocionante. Pudera eu desfilar adjetivos com a competência que ele desfila em quadra...Bom, o jogo acabou. Deu Canadá, 69 a 62, com mais uma atuação fantástica desse fenômeno. A final é contra a Austrália, repetindo a decisão de quatro anos atrás, e ele vai tentar o tri, junto com seus companheiros. E agora te pergunto. Vai assistir? Já vou avisando. Não aceito um não como resposta!